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Juiz federal do DF homologa delação de Henrique Constantino, dono da empresa aérea Gol

Constantino é réu por suspeitas de desvios na Caixa. Ele citou suspeitas envolvendo os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha, Henrique Alves e o ex-presidente Michel Temer.

Publicado em 14/05/2019 14:38

O juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal em Brasília, homologou a delação premiada do empresário Henrique Constantino, um dos donos da empresa aérea Gol, em um desdobramento da Operação Lava Jato, informou o jornal "O Globo".

Constantino admitiu participação em crimes em troca da liberação de recursos da Caixa Econômica Federal após virar réu na Operação Cui Bono, desencadeada a partir das delações premiadas do ex-dirigente da Caixa Fábio Cleto e do doleiro Lúcio Funaro. A colaboração premiada foi assinada em fevereiro e validada pelo juiz em abril.

Entre os nomes citados na delação pelo empresário estão os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, além do ex-ministro Geddel Vieira Lima e do ex-presidente Michel Temer.

Todos os quatro são réus em desdobramentos da Lava Jato – Temer, inclusive, é apontado como líder de organização criminosa formada pelos políticos do MDB.

A delação premiada de Henrique Constantino foi assinada três meses depois de o empresário virar réu na Operação Cui Bono. Ao todo, 18 pessoas passaram a responder pelas fraudes na Caixa.

Segundo a ação penal aberta a partir de denúncia do Ministério Público em outubro, Constantino pagou R$ 7,077 milhões a Geddel, Cleto, Cunha e Funaro a fim de obter para o grupo BRVias R$ 300 milhões, por meio de aquisição de debêntures pelo FI-FGTS.

Além disso, diz a ação, também obteve liberação de uma cédula de crédito bancário de R$ 50 milhões para a Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários. Henrique Constantino responde, no caso, pelo crime de corrupção ativa, acusado de corromper agentes públicos,.

Segundo o jornal "O Globo", o empresário teria apresentado "provas documentais como e-mails e trocas de mensagens" a fim de comprovar as acusações.

Atualmente, a delação foi juntada para ser usada como prova na ação penal à qual, além de Constantino, respondem por crimes Geddel, Cunha, Cleto e Funaro. Henrique Alves e Michel Temer não são réus nessa ação penal. Eles respondem a outros processos resultantes de desdobramentos da Operação Lava Jato.

A defesa de Eduardo Cunha afirmou que as suspeitas envolvendo a Caixa são "requentadas" e serão contestadas pela defesa no curso do processo.

A defesa de Lúcio Funaro afirmou que ele é delator e que tem colaborado para o esclarecimento dos fatos.

Segundo a defesa de Henrique Alves, o cliente é inocente e provará isso durante a ação penal.

A TV Globo busca contato com os advogados de Michel Temer e Geddel Vieira Lima.

Relacionamento com Funaro

De acordo com o jornal "O Globo", o empresário relatou ter iniciado o relacionamento com Funaro após receber informações de que o grupo poderia ajudar a destravar o financiamento de R$ 300 milhões na Caixa.

"Funaro expôs o poder de influência que tinha junto com seu grupo no âmbito do governo federal e instituições diversas, como o Postalis (fundo de pensão dos Correios)", afirmou.

O operador financeiro, então, "mencionou o então deputado federal Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, líderes que, segundo Funaro, poderiam auxiliar o depoente em outros negócios de seu interesse, em troca de vantagens indevidas; que, da mesma forma, mencionou Michel Temer como membro desse grupo", disse o empresário , segundo informou "O Globo".

Reunião com Michel Temer

Segundo "O Globo", o empresário relatou reunião com Michel Temer quando este era vice-presidente, em 2012. De acordo com a reportagem, houve pedido de R$ 10 milhões em troca da atuação dos políticos do MDB. Dos R$ 10 milhões, conforme a ação penal à qual Constantino já responde, foram efetivamente pagos os R$ 7,077 milhões a Lúcio Funaro.

"Sobre a reunião em junho de 2012 em Brasília com Eduardo Cunha e Henrique Alves, informou ainda que se reuniu com eles e o então vice-presidente Michel Temer; que foi solicitado pelo grupo o valor de global de R$ 10 milhões em troca de atuação ilícita de membros do grupo em diversos negócios, como foi o caso da operação da Via Rondon com o FI-FGTS", disse no depoimento, segundo "O Globo".

Conforme o jornal, Constantino se comprometeu a devolver à Caixa dez vezes o valor pago a Funaro – R$ 70 milhões. Os valores serão pagos até 2021, e uma parte será aplicada em projetos sociais.

Pagamento da propina

Segundo Constantino, os pagamentos eram feitos pelas empresas dele após contratos fictícios de prestação de serviços a empresas de Funaro.

Além disso, também teria feito repasses à campanha de Gabriel Chalita, que concorreu à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB em 2012.

"Efetuou pagamentos para a campanha de Gabriel Chalita em 2012 (pagamentos de despesas), conforme combinado com o grupo, além de efetuar pagamentos para empresas indicadas por Funaro, como Viscaya e Dallas", relatou Constantino segundo "O Globo".

Por Mariana Oliveira, TV Globo — Brasília

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