Lula jamais interferiu no BNDES por qualquer projeto específico, diz Coutinho
Em depoimento à CPI da Câmara, ele disse que o ex-presidente da República não teve ou tem qualquer influência nas decisões do banco
Publicado em 27/08/2015 15:02
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse nesta quinta-feira (27) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva jamais interferiu no banco a respeito de qualquer projeto específico.
Em depoimento à CPI do BNDES na Câmara dos Deputados, ele disse que o ex-presidente da República não teve ou tem qualquer influência nas decisões do banco.
Coutinho também foi confrontado pelos parlamentares sobre uma suposta conversa com o dono da UTC, Ricardo Pessoa, no qual o presidente do BNDES teria dito para o empreiteiro conversar com o tesoureiro do PT sobre doações eleitorais para o partido.
"Não tratei de doações eleitorais com Ricardo Pessoa. No encontro que tivemos, no qual também estavam outras pessoas, tratamos apenas sobre projeto do aeroporto de Viracopos [SP]", respondeu. Pessoa firmou acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.
Grupo X
Questionado pelos parlamentares sobre os financiamentos dados às empresas do Grupo X, do empresário Eike Batista, Coutinho respondeu que o BNDES não teve prejuízos nas operações.
"A OGX, que foi à falência, não tinha crédito com o banco. O BNDES emprestou para projetos de portos, minas, térmicas e infraestrutura para outras empresas do grupo. Foram créditos garantidos por fianças e que foram devidamente renegociados à medida que outros investidores adquiriram as empresas do grupo", disse.
Sobre o financiamento dado à Refinaria de Abreu e Lima em 2009, estimado em R$ 10 bilhões, Coutinho respondeu que, na época, se tratava de uma "situação especial", já que o sistema internacional de crédito teria entrado "em colapso" naquele momento.
"Na época, a refinaria tinha um determinado perfil de óleo leve e pesado, que depois foi modificado. O banco monitorou e acompanhou o projeto, inclusive atendendo recomendações do TCU (Tribunal de Contas da União). Finalizado esse crédito, não houve novos aportes", completou.
Ainda respondendo aos deputados na CPI, o presidente o BNDES disse que não há empréstimos a "fundo perdido" para Cuba. "Financiamos os serviços de engenharia para a construção do Porto de Mariel, que terá ainda mais importância econômica após a retomada das relações do País com os Estados Unidos", argumentou.
Luciano Coutinho disse ainda que o perdão dado pelo Brasil a dívidas de países africanos não afetou operações de crédito realizadas pelo banco de fomento a projetos no continente e afirmou que "todas as operações com a África estão adimplentes".
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