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Presidente da Petrobras confirma a retomada das obras da fábrica de fertilizantes em MS

Jean Paul Prates revelou ao Correio do Estado que o anúncio oficial será feito após a conclusão do plano estratégico 2024-2028

Publicado em 21/11/2023 16:53

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, com exclusividade ao Correio do Estado, confirmou a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3), em Três Lagoas, que estão paradas desde 2014 com 81% da construção concluída.

Em entrevista à reportagem, durante o lançamento, realizado no Rio de Janeiro (RJ), da segunda etapa da maior seleção pública socioambiental da história da estatal, no ano em que completa 70 anos, Jean Paul Prates explicou que o anúncio oficial será feito após a conclusão do Plano Estratégico da Petrobras 2024-2028, que está em fase final de elaboração e detalhará o orçamento para possíveis fusões e aquisições da empresa.

“Nós só vamos definir essa questão depois de o plano estratégico ser anunciado, o que está agendado para o fim deste mês e início do próximo, caso não aconteça nenhum contratempo. Nós vamos fazer uma reconfiguração de toda essa parte de fertilizantes depois do plano estratégico”, declarou Prates.

A princípio, as obras da fábrica de fertilizantes seriam retomadas apenas a partir de 2026, com conclusão prevista para 2028, porém, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cobrou que a construção seja reiniciada já no próximo ano para que a entrega seja feita no último ano do seu governo.

Uma visita do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, às obras paradas da UFN3, que marcaria o anúncio da retomada de planos para a fábrica da Petrobras, foi desmarcada no início deste mês porque o Plano Estratégico da Petrobras 2024-2028 ainda estava em fase preliminar.

Pelo estatuto da estatal, o Plano Estratégico da Petrobras 2024-2028 precisa ser aprovado pelo acionista controlador, na figura do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. No entanto, Jean Paul Prates disse ao Correio do Estado que, talvez, nesta sexta-feira, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, anuncie alguma novidade.

Ele visitará as obras da ponte internacional sobre o Rio Paraguai, que ligará Porto Murtinho a Carmelo Peralta (Paraguai), que faz parte da Rota Bioceânica. Na semana passada, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) o aviso de homologação e adjudicação pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para o início do acesso rodoviário de 13 quilômetros que ligará a BR-267 à ponte internacional.

O aviso definiu o vencedor da licitação para a construção do acesso à ponte, que será o Consórcio PDC Fronteira, formado pela Construtora Caiapó e pelas empresas DP Barros – Pavimentação e Construção e Paulitec Construções, ao custo de R$ 472.410.911,22.

Prazo

Como já adiantou o Correio do Estado na edição de 27 de outubro de 2023, quanto maior a demora em se anunciar o investimento, maior o prazo para o início da produção dos fertilizantes em Mato Grosso do Sul.

O titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou que a conclusão da obra parada desde 2014 deve levar pelo menos um ano e meio.

“Nós temos um compromisso técnico, político que eles vão fazer isso [terminar a UFN3]. A partir do momento em que eles disserem que vão terminar, o tempo de obra é de um ano e meio”, explicou o secretário.

Verruck ainda afirmou que os avanços para que a obra finalmente seja finalizada começaram ainda no ano passado, com a criação do Plano Nacional de Fertilizantes.

“O que já aconteceu na gestão do presidente Lula é a definição estratégica da Petrobras de retornar para [a produção de] fertilizantes. Se a Petrobras não tomasse essa decisão, a UFN3 viraria um ativo e teria de ser negociada. O que precisa agora é aprovar o orçamento da UFN3”, concluiu o titular da Semadesc.

Conforme a última projeção, realizada em 2018, quando uma due diligence (vistoria para compra) foi realizada na UFN3, foi constatado que a unidade precisaria de pelo menos US$ 1 bilhão (R$ 4,8 bilhões) para sua conclusão.

De acordo com os dados da Semadesc, no ano passado, foram importados 7,2 milhões de toneladas de ureia.

A produção anual da UFN3, quando estiver em pleno funcionamento, será de 1,3 milhão de toneladas de ureia, ou seja, 18,3% do total importado pelo País na época.

Ao se levar em conta outro fertilizante que será produzido na indústria de Três Lagoas, a amônia, foram importadas 6,6 milhões de toneladas desse item em 2022.

A produção anual da fábrica será de 0,8 milhão de toneladas de amônia ou 12,1% do total importado. Portanto, considerando os dois fertilizantes citados, seriam 30,4% desses insumos que deixariam de ser comprados no exterior.

Histórico

A UFN3 começou a ser construída em 2011 e teve as obras paralisadas em 2014, após integrantes do consórcio serem envolvidos em denúncias de corrupção. Na época, a estrutura da indústria estava cerca de 81% concluída.

O processo de venda da UFN3 começou em 2018 e incluía a Araucária Nitrogenados (Ansa), fábrica localizada em Curitiba (PR). A comercialização em conjunto inviabilizou a concretização do negócio.

No ano seguinte, a gigante russa de fertilizantes Acron havia fechado acordo para a compra da unidade, mas a crise boliviana impediu o negócio.

Em fevereiro de 2020, a Petrobras lançou nova oportunidade de venda. As tratativas só foram retomadas no início do ano passado, novamente com o grupo Acron.

No dia 28 de abril de 2022, a petrolífera anunciou que a transação de venda da fábrica para o grupo russo não havia sido concluída.

Ainda em 2022, a Petrobras relançou a venda da fábrica ao mercado. Em 24 de janeiro deste ano, a estatal anunciou o fim do processo de comercialização da indústria.

Por Daniel Pedra / Correio do Estado - colaborou Súzan Benites

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