Costa Rica 27 ℃

Atraso na colheita da soja e alto custo podem prejudicar plantio do milho

Chuvas dificultam a retirada da primeira safra das lavouras e postergam o início da semeadura da safrinha

Publicado em 16/02/2023 14:08

A área colhida de soja avançou 5,1% em MS; até o momento, foram 195.942 hectares colhidos, atraso de 13,2% (Foto: Gerson

Mesmo diante de uma estimativa de colheita recorde de soja na safra 2022/2023, os produtores de Mato Grosso do Sul encontram dificuldade para retirar a oleaginosa das lavouras. Com as chuvas recorrentes, os agricultores não conseguem avançar a colheita como esperado e acabam atrasando o plantio da segunda safra de milho.

A área colhida de soja da safra 2022/2023 avançou 5,1%. De acordo com a estimativa do Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS), foram 195.942 hectares colhidos, atraso de 13,2% no comparativo com o mesmo período do ano passado.

Já o milho segunda safra 2022/2023 tem 4% da área semeada, somando 93 mil hectares. A porcentagem de área plantada se encontra inferior em 9,2% no comparativo com o ciclo 2021/2022.

O presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), André Dobashi, disse, durante o lançamento oficial da safrinha, que neste ano o produtor terá grandes desafios.

“Em Mato Grosso do Sul, o grande desafio é a gente tirar a primeira safra de campo. Hoje amanhecemos com chuva em praticamente todo o Estado, o que resulta em dificuldade do produtor em dessecar a soja. Isso vai cada vez mais empurrando a janela de semeadura da segunda safra para dentro do mês de fevereiro. E o que a gente esperava era começar no fim de janeiro”, avalia.

Ainda de acordo com o presidente da Aprosoja-MS, o milho segunda safra precisa ser semeado antes do fim de março.

“O decréscimo em produtividade é muito grande. Talvez esse seja o principal desafio, mas a gente tem também os desafios fitossanitários, os custos elevados. Tudo faz com que a gente fique extremamente apreensivo”, analisa Dobashi.

A projeção é de que a área de soja seja 2,5% maior em relação ao ciclo passado, atingindo 3,842 milhões de hectares. A produtividade estimada é de 53,44 sacas por hectare, gerando a expectativa de produção de 12,318 milhões de toneladas.

Já a estimativa do milho aponta para um aumento de 5,4% em relação à safra 2021/2022, atingindo área de 2,325 milhões de hectares. A produtividade estimada é de 80,33 sacas por hectare, com expectativa de produção de 11,206 milhões de toneladas.

Custos

Os custos para implantar a safra de milho também podem ser um ponto de atenção para os produtores. Segundo a Aprosoja-MS, os investimentos para um hectare somam R$ 5,6 mil, enquanto no ciclo anterior o valor foi de R$ 4,4 mil.

“Herbicidas, adjuvantes e sementes são os três itens que mais pesaram na conta. Eles subiram 109%, 172% e 63%, respectivamente. Os únicos itens que sofreram decréscimos foram inseticidas e inoculantes.

Esse fator faz com que o agricultor acenda um alerta e fique ainda mais dependente da questão climática para que a conta feche ao fim da safra”, explica Dobashi.

O titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, diz que, em contrapartida, há uma possibilidade de valorização do milho.

“A demanda da suinocultura e da avicultura e a destinação do milho para produção de etanol poderão virar uma chave. Isso aconteceu em Mato Grosso, onde se pagava o preço mínimo do milho e, depois do DDG [grão de milho seco], foi visível a valorização. Aqui em MS, as duas usinas juntas demandarão 30% da safra do Estado”, aponta Verruck.

O presidente do Sistema Famasul, Marcelo Bertoni, frisou que o Estado tem potencial para exportar e, ainda assim, ser autossuficiente.

“Com as inúmeras utilidades, abrimos uma janela econômica e social, com diversificação, intensificação, desenvolvimento e geração de emprego no campo e na cidade”.

Industrialização

O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Glauber Silvério, esteve na Capital para o lançamento oficial do plantio da segunda safra e destacou que o País deve passar a ser o principal exportador do cereal no mundo.

“O milho é importante porque ele se transforma em proteína. Hoje, quando você consome 1 kg de frango, está consumindo 2 kg de milho”.

Para o presidente da Aprosoja-MS, o Estado precisa cada vez mais investir na agregação de valor ao milho.

“A melhor estratégia é a gente promover a industrialização dentro de Mato Grosso do Sul, promover a vinda de cooperativas que industrializam o cereal, e o consumo interno. Se a gente conseguir, em vez de exportar o grão de milho, exportar a carne pronta, a margarina, o farelo, é muito mais rentável para quem está produzindo e para todo o Estado”, finaliza Dobashi.

Verruck destaca que é o que começa a ocorrer na balança comercial de Mato Grosso do Sul. Segundo o secretário, pela primeira vez o principal produto exportado pelo Estado em janeiro foi o cereal.

“Observamos a expansão da avicultura e da suinocultura, com os incentivos diretos. Atraímos a indústria, uma já instalada em Dourados e outra que será inaugurada em Maracaju, e a previsão é de que ambas absorvam 30% da nossa safra”.

O preço médio da saca com 60 kg de soja, em MS, registrou desvalorização de 14% em um ano. O preço médio no mercado físico do Estado foi de R$ 155,68 na última semana. No mesmo período de 2022, a oleaginosa havia sido cotada, em média, a R$181,04.

Conforme dados da Granos Corretora, o valor médio da saca do milho apresentou desvalorização de 16,8%. Em fevereiro de 2022, a saca com 60 kg do cereal era comercializada ao preço médio de R$ 85,73, já neste ano o preço para o mesmo período foi de R$ 71,33.

Por Súzan Benites / Correio do Estado

SIGA-NOS NO Costa Rica em Foco no Google News

Pode te Interessar