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Zuckerberg dá nega ao Parlamento britânico. UE quer respostas em duas semanas

Mandará representantes

Publicado em 27/03/2018 15:59

Afinal, Mark Zuckerberg não vai explicar ao Parlamento britânico os contornos do uso indevido dos dados dos utilizadores do Facebook pela britânica Cambridge Analytica. O empreendedor norte-americano tinha sido “convidado” pela comissão responsável, mas acabou por anunciar, esta terça-feira, que não vai comparecer perante os deputados. Em vez de ir a Londres, Zuckerberg decidiu enviar um dos representantes da rede social atualmente debaixo de fogo.

“O senhor Zuckerberg pediu pessoalmente a um dos seus representantes para se mostrar disponível e oferecer o seu testemunho em pessoa”, adiantou, em comunicado citado pela Bloomberg, a líder do departamento de Políticas Públicas do Facebook, no Reino Unido. De acordo com Rebecca Stimson, Chris Cox (diretor de produto) e Mike Schroepfer (diretor de tecnologia) são os dois nomes em cima da mesa para substituir Zuckerberg na audição.

Em resposta às declarações de Stimson, o líder da comissão parlamentar em causa garantiu que aceitará receber qualquer um desses representantes, mas sublinhou que “gostaria ainda assim de ouvir Zuckerberg”. O político sugeriu, assim, que o líder executivo da gigante poderá participar via vídeo, na reunião.

A revelação do uso indevido dos dados de 50 milhões de utilizadores desta rede social pela Cambridge Analytica tem colocado o Facebook na mira dos críticos e dos reguladores. O Facebook já pediu desculpas em diversas ocasiões pelo sucedido, referindo que é da sua responsabilidade proteger a informação que navega na plataforma.

Nos Estados Unidos, os procuradores de Nova Iorque e de Massachusetts e a Comissão Federal do Comércio anunciaram que vão investigar o caso. Na semana passada, a comissão britânica referida avançou que ia pedir acesso aos servidores da Cambridge Analytica (que alegadamente usou os dados em causa para ajudar Donald Trump a vencer as eleições de 2016).

Bruxelas quer respostas em duas semanas

Também Bruxelas já exigiu esclarecimentos sobre este caso: a comissária da Justiça da União Europeia quer saber se o Facebook tem a “certeza absoluta” que o caso não se repete.

Num email enviado na segunda-feira à noite por Vera Jourova, a que a agência AFP teve acesso, o executivo comunitário pede também que a rede social norte-americana providencie informação sobre as medidas tomadas para evitar que um novo caso como o da Cambridge Analytica se possa repetir.

O bloco instou mesmo o Facebook a dar respostas “nas duas próximas semanas” às questões levantadas pelo caso Cambridge Analytica, para perceber se os dados pessoais dos europeus foram afetados.

A comissária questiona especificamente como o Facebook pretende aplicar as regras europeias de confidencialidade de dados e se “os dados dos cidadãos europeus foram afetados por este escândalo recente” ligado à Cambridge Analytica.

Papel decisivo no Brexit

A Cambridge Analytica teve um “papel decisivo” no referendo sobre o ‘Brexit’, afirmou, esta terça-feira, o ex-funcionário da empresa Christopher Wylie.

Numa entrevista a vários jornais europeus, Wylie, que denunciou a polémica, foi questionado sobre se a saída do Reino Unido da União Europeia teria sido aprovada pelos eleitores britânicos em 2016 sem a interferência da Cambridge Analytica.

“Não, eles tiveram um papel decisivo, tenho a certeza”, disse Wylie, que foi diretor de pesquisa na empresa, numa entrevista de que publicaram diferentes excertos os jornais franceses Libération e Le Monde, alemão Die Welt, espanhol El Pais e italiano La Repubblica, entre outros.

Na entrevista, o denunciante afirma que a empresa canadiana Aggregate IQ (AIQ) trabalhou com a Cambridge Analytica para ajudar a campanha a favor do ‘Brexit’, “Leave EU”. “Sem a Aggregate IQ, a campanha do ‘Leave’ não teria conseguido ganhar o referendo, que foi decidido por menos de 2% dos votos”, disse.

Wylie defende que “é preciso arranjar o Facebook, não eliminá-lo” e recusa a opinião daqueles que aconselham os utilizadores a apagar a conta na rede social: “Tornou-se impossível viver sem estas plataformas, mas é preciso enquadrá-las”.

O whistleblower (expressão inglesa que designa aqueles que denunciam ilegalidades em nome do interesse público) conta por outro lado as circunstâncias da sua contratação em 2013 pela SCL, a “casa-mãe” da Cambridge Analytica para cuja criação contribuiu.

Segundo contou ao Le Monde, descobriu mais tarde que o seu antecessor “morreu em condições não explicadas no seu quarto de hotel em Nairobi, quando trabalhava para Uhuru Kenyatta”, o atual presidente do Quénia.

Wylie reitera por outro lado o envolvimento com a empresa britânica de Steve Bannon, antigo conselheiro do presidente norte-americano, Donald Trump, e antigo diretor do ‘site’ de extrema-direita norte-americano Breitbart. “Ele [Bannon] vinha a Londres pelo menos uma vez por mês”, disse ao Líbération.

Fonte: ECO

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