Pedreira Basalto aposta no “Pó de Rocha” como salvação da lavoura e do meio ambiente
Waldeli avalia que desenvolver a produção nacional de fertilizantes é uma estratégia de proteção da economia brasileira
Publicado em 16/12/2021 17:55
A utilização de pó de rocha como fertilizante e corretivo do solo é uma alternativa para o País reduzir custos de produção da agricultura e romper com a atual dependência de insumos importados, contribuindo diretamente com a produtividade das lavouras e do meio ambiente. A prática é conhecida como rochagem e já vem sendo testada há alguns anos pela Pedreira Basalto, em Costa Rica - MS.
“Há cerca de 10 anos estamos fazendo experimentos em Costa Rica. Já fizemos laudos em nossos produtos e muitos investidores estão comprando e testando a rochagem”, disse o gerente da Pedreira Basalto, Benedito Eugênio Mathias, o Ditinho.
Para o presidente do Grupo Paraná, empresário e ex-prefeito Waldeli dos Santos Rosa, o uso do pó de rocha é um grande diferencial na agricultura e pode colocar o Brasil a frente nas soluções do campo.
Rochagem
Conforme explicaram os pesquisadores, rochagem é a incorporação de rochas moídas ao solo, como forma de tornar a terra menos ácida e mais fértil. Quando aplicados no solo, os diferentes minerais existentes nas rochas também ajudam a recuperar solos pobres e a renovar a fertilização das áreas de exploração agrícola.
Waldeli avalia que desenvolver a produção nacional de fertilizantes é uma estratégia de proteção da economia brasileira. “Para um país que tem grande parte da sua balança comercial sustentada na agricultura, investir em alternativa como a rochagem, para substituir parte da fórmula de nitrogênio, fósforo e potássio, é condição para a segurança alimentar – disse.
“A rochagem é uma alternativa não apenas frente à elevação do preço dos fertilizantes químicos, mas também por ser uma prática que aumenta a disponibilidade de um conjunto de nutrientes. O tempo maior de liberação de nutrientes a partir do pó de rocha, em comparação com adubos químicos, é uma vantagem da rochagem, pois os nutrientes são retidos por mais tempo, sendo mais bem aproveitados pelas plantas e mantendo bons níveis de fertilidade”, defende Waldeli.
A prática também é um destino para rejeitos. “Enquanto o problema da mineração é armazenar esses subprodutos, a agricultura tem carência de fertilizantes. Com a rochagem, o problema da mineração se torna a solução da agricultura – observou Waldeli.
MS
Conforme o site MS Notícias, o Estado de Mato Grosso do Sul iniciou neste mês de dezembro os trabalhos para identificação de alternativas sustentáveis para fertilização agrícola utilizando resíduos de mineração.
A primeira etapa de reconhecimento da Formação Serra Geral e as Rochas Fosfatadas e Alcalinas foi encerrada na semana passada pela Semagro - Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar – e o SGB-CPRM - Serviço Geológico do Brasil. Foram realizadas visitas “in loco” aos municípios de Campo Grande, Terenos, Sidrolândia, Nioaque, Porto Murtinho e Bonito, que possuem atividades de mineração.
“Nós fizemos uma solicitação ao diretor de Geologia e Recursos Minerais, Marcio Jose Remédio, para que um técnico do Serviço Geológico do Brasil nos auxiliasse nesse estudo para a identificação das potencialidades de nosso Estado para o oferecimento de alternativas sustentáveis para fertilização agrícola”, esclareceu o secretário Jaime Verruck, da Semagro.
A geóloga Magda Bergmann do Serviço Geológico do Brasil, acompanhada pelo secretário executivo da Cadeia Produtiva Mineral da MS Mineral, órgão vinculado à Semagro, Eduardo Pereira foram os agentes na primeira fase.
Em Porto Murtinho, foram visitados jazimentos de rochas alcalinas. Em Bonito, a visita foi realizada na Edem Mineração, que extrai fosfato da Serra da Bodoquena, com produção mensal em torno de 10 mil toneladas mensais. De acordo com o Geólogo Lucas Nery, da Edem, o fosfato da Serra da Bodoquena tem altos teores de 15% de P2O5. O mineral tem se mostrado uma ótima alternativa para os produtores, sendo comercializado para vários Estados e para os países vizinhos como Paraguai e a Bolívia.
Magda Bergmann fez o levantamento e a avaliação de fontes de minerais e rochas existentes no Rio Grande do Sul e deu início à pré-avaliação do potencial mineral de Mato Grosso do Sul para uso agrícola (rochagem). O objetivo é utilizar essa matéria-prima na técnica de remineralização e condicionamento de solos, com ênfase em materiais disponíveis em pilhas de descartes de mineração.
“É o aproveitamento de um resíduo para a fertilização agrícola, que beneficia o meio ambiente e a agricultura, se alinhando à política de desenvolvimento sustentável implantada pelo Governo do Estado”, concluiu Verruck.
Os remineralizadores são considerados uma alternativa sustentável ou complementação aos fertilizantes tradicionais, o famoso (NPK), para o condicionamento dos solos. Esta fase de prospecção e estudo ocorre ao mesmo tempo em que o governo federal discute o Plano Nacional de Fertilizantes, para abrir caminhos para reduzir a alta dependência externa de insumos fosfatados e potássicos. A pesquisa apresentará matérias-primas para uma nova rota tecnológica na agricultura que auxilie na produção de alimentos mais saudáveis e promova a sustentabilidade das práticas agrícolas e da mineração em Mato Grosso do Sul.
A geóloga Magda Bergmann apontou a presença dos insumos agrícolas na região do “Grupo Serra Geral” no Mato Grosso do Sul, que compreende boa parte das regiões norte, sudoeste, costa leste e o centro. “As rochas basálticas têm expressividade nos terrenos de planalto, que são as áreas de maior presença da agricultura do MS, e também a mesma unidade geológica ocupa parte das regiões sul (PR, SC e RS), sudeste (SP) e centro-oeste (MS, MT e GO) do país, que receberam derrames vulcânicos há milhares de anos”, explicou.
“A nova rota alternativa de insumos para produção agrícola não pretende competir com os fertilizantes solúveis, mas complementar o uso desses fertilizantes. Inclusive, as rochas não possuem teores equivalentes ao dos fertilizantes solúveis e também, não necessariamente, possuem todos os nutrientes que uma determinada cultura agrícola exige. Não podemos deixar que o conhecimento dessas rochas não passe de um potencial”, acrescentou Bergmann sobre o desempenho das rochas no uso de fertilização dos solos. (Com informações site MS Notícias).