Costa Rica

Coloridas e nutritivas, flores trazem um pouco da estação para a cozinha

O colorido que harmoniza perfeitamente com saladas e até comidas orientais não é meramente decorativo

Publicado em 24/09/2018 12:55

“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la”. É assim que Cecília Meireles saúda a primavera, dona da vida e efêmera. Como no poema, a estação se abre para além do verde e hoje é possível se encontrar com a primavera também à mesa.

As flores estão no time das Pancs (plantas alimentícias não convencionais), nas quais tudo é comestível, mas a gente não está acostumado a comer. Nos restaurantes da cidade, aos poucos, elas não voltam mais para a cozinha. O colorido que harmoniza perfeitamente com saladas e até comidas orientais não é meramente decorativo. Ali tem sabor e nutrientes.

“Eu uso em praticamente tudo: na salada ou batida com  ricota, fica uma pasta deliciosa. Pode usar em suco, elas são muito versáteis e têm muitos nutrientes, são ricas em vitamina C. Tudo o que é colorido é bom para a saúde”, comenta a proprietária do Recanto das Ervas, Márcia Chiad. Ela as cultiva desde que descobriu a paixão pelo que vem da terra direto para a mesa. “Quando eu montei a horta na chácara, 18 anos atrás, era só tempero, mas eu já gostava muito, então fiz um curso de ervas, fiquei apaixonada. Comecei a estudar e a cultivar”, conta.

Na semana que passou, o restaurante até pensou em deixar um aviso aos clientes de que as flores do prato também eram comida. “Todo mundo estava deixando de lado, as pessoas têm medo de comer, acham que flor é enfeite, mas não”, ressalta.

A época é de capuchinha, amor-perfeito, cravina, tagete e girassol. Sim, até mesmo as pétalas amarelas podem ser degustadas. O sabor da capuchinha, a mais conhecida das flores comestíveis, é semelhante ao do agrião. Picante, acaba por passar a mesma sensação aos demais ingredientes.

“Já a cravina não tem este sabor, é mais insossa e, por isso, mais decorativa. O amor-perfeito, por não interferir no sabor, é mais usado em doces”, descreve Márcia. No prato, as flores vão com salada, sanduíche, arroz e até na água aromatizada. “Você pode fazer um chá das flores para usar na água do preparo do arroz, assim você vai colorir”, explica Márcia.

Chef de cozinha, Edu Rejala resolveu colorir a comida oriental a partir das flores, no entanto, o faz de forma sutil, de acordo com o prato. “Na cozinha, vale a regrinha básica: menos é mais. Eu gosto de preencher os pratos de dentro para fora e, muitas vezes, apenas duas pétalas são suficientes”.

No restaurante onde assina o menu e do qual é proprietário, o Nazca, o ceviche Miraflores é quem leva a estação à mesa, como o próprio nome já diz. O prato usa capuchinha, amor-perfeito, tagete e brotos de alfafa. “Eu posso brincar com as pétalas, brotos, folhas e flores nas suas mais variadas cores e não chegam a interferir. Ao contrário, fazem parte e estão extremamente ligadas ao sabor”, exemplifica o chef.

O nome do ceviche homenageia o Bairro Miraflores, na cidade de Lima. “E é o que o prato traz: esperança, renascimento, cor. É um pedacinho da primavera na sua mesa”.

Fonte: Paula Maciulevicius Brasil

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