CPI da Expo Rica 2023 pede cassação do prefeito Cleverson e do vereador Artur Baird por acusações de corrupção e improbidade administrativa
Relatório final aponta suposto esquema de corrupção, superfaturamento e saques irregulares envolvendo os irmãos Baird, um primo, o CREC e o prefeito delegado Cleverson
Publicado em 24/06/2024 06:49
A CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito - da Expo Rica 2023, presidida pelo vereador Lucas Lazaro Gerolomo e que tem como relator o vice-presidente do Poder Legislativo, Averaldo Barbosa da Costa, apresentou no último dia 19 de junho de 2024 o relatório final que apontou um suposto esquema significativo de corrupção e superfaturamento na realização do evento.
O relatório acusa diversos membros do governo municipal e associados de desvio de recursos públicos, superfaturamento de contratos, saques irregulares em dinheiro e outras irregularidades. Clique aqui e assista na íntegra a leitura do relatório final da CPI. A votação do relatório final está prevista para essa segunda-feira (24).
O relatório apontou que o prefeito delegado Cleverson Alves dos Santos (PP), o vereador Artur Delgado Baird (PP), o Clube do Laço 3 Divisas, o CREC - Costa Rica Esporte Clube - que tem como presidente André Delgado Baird (irmão de Artur), a empresa Vander Locações e Eventos Eireli que tem como proprietário Vanderlan Jesus Rodrigues (primo dos irmãos Baird), e outros indivíduos que deveriam devolver aos cofres públicos a quantia de R$ 1.384.360,88, corrigida monetariamente. Esses valores representariam o montante que teria sido desviado por meio de contratos superfaturados e pagamentos irregulares.
Diante das investigações, das provas apresentadas e das outivas realizadas, a CPI recomendou pela instalação de uma comissão processante para cassar os mandatos do prefeito delegado Cleverson e do vereador Artur Baird, baseando-se no Decreto-Lei 201 de 1967. Além disso, solicitou o impedimento de Arthur Baird de participar da votação do relatório final devido à sua suposta implicação nas irregularidades.
O relatório final também detalha que a empresa Vander Locações, responsável pela estrutura do evento, pertenceria Vanderlan Rodrigues que também é primo do ex-prefeito Jesus Queiroz Baird. Vanderlan Rodrigues teria recebido R$ 617.200,00, valores apontados como superfaturados pela CPI. A proximidade entre os envolvidos e a falta de transparência nos contratos levantariam suspeitas de favorecimento e desvio de recursos.
O envolvimento do CREC, presidido por André Baird, outro membro da família Baird, teria lucrado mais de R$ 190 mil com a venda de bebidas durante a Expo Rica 2023. Essa concessão de venda teria sido apontada como uma forma de desviar recursos públicos para o clube, beneficiando diretamente os envolvidos no esquema.
O relatório da CPI revelou ainda saques em espécie no montante de R$ 83.000,00, realizados de forma irregular e sem justificativa clara. Esses saques violariam as normas estabelecidas para a movimentação de recursos públicos, que determinam que pagamentos devem ser feitos via transferência eletrônica para garantir maior transparência e controle. Os saques foram associados ao pagamento de premiações e outras despesas não comprovadas, aumentando ainda mais as suspeitas de desvio de recursos.
Influência Política
O vereador Artur Baird, mesmo após deixar o cargo de secretário Municipal de Turismo, Meio Ambiente, Esporte e Cultura, teria mantido influência significativa sobre a organização da Expo Rica 2023. Essa influência teria permitido a ele direcionar contratos e favorecimentos, elevando o custo inicial do evento de R$ 900 mil para mais de R$ 1,3 milhão com a autorização do prefeito Cleverson. Além disso, o relatório aponta que Artur Baird utilizou sua posição para garantir que empresas ligadas a familiares fossem contratadas, beneficiando-se diretamente do superfaturamento.
Em Família
A empresa Vander Locações, gerida por Vanderlan Jesus Rodrigues, primo dos irmãos Baird e do ex-prefeito Jesus Queiroz Baird, teria sido beneficiada com contratos superfaturados. A falta de transparência e a relação familiar entre os envolvidos levantaram suspeitas de que os valores pagos à empresa, que somaram R$ 617.200,00, foram inflacionados para desviar recursos públicos. O relatório também destaca que essa prática de contratação entre familiares cria um ambiente propício para a corrupção e desvio de recursos públicos, minando a confiança na administração pública.
Benefícios ao CREC
O relatório sugere que o Costa Rica Esporte Clube, presidido por André Baird, foi favorecido na concessão da venda de bebidas durante o evento, resultando em lucros de mais de R$ 190 mil. Essa concessão é vista como uma forma de desviar recursos públicos para o CREC, destacando o envolvimento e benefício direto dos familiares dos principais acusados. O relatório detalha como a falta de concorrência transparente e a manipulação dos contratos de concessão permitiram esses lucros suspeitos.
Irregularidades nos Saques
A CPI destacou os saques em espécie como uma das principais irregularidades. Os R$ 83.000,00 sacados de forma irregular e sem justificativa adequada violariam as normas de movimentação de recursos públicos. Esses saques foram supostamente destinados ao pagamento de premiações e outras despesas, mas a falta de documentação aumentou as suspeitas de desvio de fundos. O relatório sugere que esses saques em espécie podem ter sido utilizados para ocultar a real destinação dos recursos, facilitando o desvio de verbas públicas.
Diante das evidências de corrupção e desvio de recursos públicos, a CPI fez várias recomendações para assegurar a responsabilização dos envolvidos e a recuperação dos valores desviados:
Impedimento do vereador Artur Baird de participar da votação do relatório final na sessão plenária devido a fortes indícios de sua participação nas irregularidades.
Convocação do suplente Everaldo Pereira dos Santos para votar no relatório, garantindo imparcialidade na deliberação.
Devolução aos cofres públicos da quantia de R$ 1.384.360,88, corrigidos monetariamente, pelos envolvidos: prefeito Cleverson, Clube do Laço 3 Divisas, CREC, empresa Vander Locações, e vereador Artur Baird.
Instalação de comissão processante para cassar os mandatos do vereador Artur Baird e do prefeito Cleverson baseando-se nas irregularidades comprovadas.
Encaminhamento das investigações ao Ministério Público Estadual e ao Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul para continuidade das investigações e providências cabíveis.
Impacto na Administração Pública
As investigações da CPI revelam um suposto esquema sofisticado de desvio de recursos públicos e corrupção que teria comprometido significativamente os cofres municipais. O envolvimento de altos funcionários públicos e a utilização de empresas de familiares para o superfaturamento de contratos são práticas que minam a confiança da população na administração pública e exigem medidas rigorosas para serem combatidas.
Necessidade de Transparência
O relatório final da CPI destaca a falta de transparência e controle nos processos de contratação e execução de despesas públicas. A ausência de justificativas claras para o aumento dos custos do evento e a realização de saques em espécie sem documentação adequada são exemplos de como a falta de transparência pode facilitar a corrupção. As recomendações do relatório incluem a implementação de medidas para garantir maior transparência e controle nos processos de contratação e movimentação de recursos públicos.
Ações Futuras:
A conclusão da CPI reforça a necessidade de uma investigação aprofundada para esclarecer e punir os responsáveis pelos atos de corrupção e improbidade administrativa que teriam prejudicado os cofres públicos e a administração municipal de Costa Rica. As evidências apresentadas no relatório são contundentes e exigem ações imediatas para investigar e recuperar os recursos que tenham sido eventualmente desviados e restaurar a confiança da população na administração pública. A instalação de uma comissão processante e o encaminhamento das investigações ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas seriam, segundo o Relator, passos fundamentais nesse processo.
O relatório final da CPI da Expo Rica 2023 traz à tona um suposto esquema complexo de corrupção e superfaturamento que envolveu altos funcionários públicos e empresas ligadas a familiares destes. As recomendações feitas pela CPI são cruciais para garantir a responsabilização dos envolvidos e a recuperação dos recursos públicos desviados. A transparência e o rigor na gestão dos recursos públicos são essenciais para evitar que casos como este se repitam no futuro.
Costa Rica em Foco
Pode te Interessar
PEC do Pantanal
Proteção ao bioma é reforçada com aprovação no Senado