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Hackers da Capital aplicam golpe de R$ 770 mil em banco digital

Presa em flagrante no fim de 2022, acusada de invadir contas do C6 Bank e desviar dinheiro, dupla foi solta e pode ter comprado um Land Rover com os valores

Publicado em 27/07/2023 17:43

Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

O banco digital C6 Bank, fintech brasileira que ganhou espaço no mercado nesta década, foi alvo de um golpe de aproximadamente R$ 770 mil aplicado em seus correntistas a partir de Campo Grande.

As fraudes foram feitas no ano passado, quando o departamento de segurança do banco identificou as invasões às contas e acionou a Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras) da Polícia Civil, que atua no caso.

Uma dupla de hackers identificada pelo banco, cujas informações foram repassadas aos policiais, ficou presa por seis meses acusada de entrar na conta de clientes e aplicar golpes. Atualmente, Wellinton de Paula Bogado e Wemerson Melki Salviano da Silva respondem por furto qualificado em liberdade condicional.

A prisão preventiva deles, que estava vigente desde o flagrante, ocorrido em 13 de dezembro de 2022, foi revogada no mês de junho pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Quando foram presos em flagrante, no ano passado, Wellinton e Wemerson teriam aplicado um golpe de pouco mais de R$ 800 em um correntista do C6 Bank.

A polícia suspeita que um SUV Land Rover Evoque, apreendido com Wemerson quando ele foi preso em flagrante perto de sua casa, no Bairro Vilas Boas, tenha sido comprado com recursos desviados dos golpes financeiros.

Recentemente, o irmão de Wemerson, Wanderson Lorais Salviano da Silva, foi à Justiça para pedir a restituição do utilitário esportivo importado, apreendido pela Polícia Civil.

O Judiciário ainda não se decidiu sobre a liberação do automóvel, mas o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS), por meio do promotor Alexandre Pinto Capiberibe Saldanha, já se manifestou contra a devolução do automóvel, pois entende que a custódia do carro ainda depende da sentença que virá da ação penal contra a dupla.

O golpe

O processo está em fase de alegações finais. E o mesmo promotor de Justiça, Alexandre Pinto Capiberibe Saldanha, que deu parecer para a manutenção da apreensão do Land Rover, pediu a condenação da dupla por furto qualificado, cuja pena pode chegar a 8 anos de prisão.

Em juízo, um dos representantes do banco que trabalha na área de investigação e fraude disse que, na data do flagrante, uma das contas do banco C6 havia sido hackeada e os envolvidos tiveram sucesso em furtar R$ 800. O C6 Bank, conforme a testemunha, começou a ter várias contas invadidas em junho de 2022. O prejuízo do banco com os ataques (retiradas das contas por meio de transferências ou compras) chegou a R$ 770 mil.

Ao todo, foram 78 contas invadidas no período de junho a dezembro do ano passado. As tentativas de invasão ao sistema do banco com a finalidade de praticar fraude foram muito maiores: 2,8 mil, segundo relato feito ao Judiciário.

Para entrar nas contas, os golpistas utilizavam a técnica do deepfake. O C6 Bank pede para seus clientes, como uma das formas de autenticação, a identificação facial por movimento. Nela, o usuário tem de mover levemente a cabeça para os lados.

Os hackers atuavam justamente na clonagem das imagens dos clientes. Muitos se maquiavam ou até se travestiam para ficar muito próximo do rosto dos clientes. O restante do trabalho era feito por meio de programas: um primeiro modificava os traços do rosto das fotos clonadas e um segundo dava movimento a elas. Depois de tudo isso, munidos de alguns dados pessoais das vítimas, como CPF, número da conta, entre outras informações pessoais, acessavam o aplicativo e faziam as operações.

O setor de Inteligência identificou que uma grande quantidade de golpes havia sido praticada no segundo semestre de 2022, a maioria de IPs de Campo Grande. Depois disso, chegaram primeiro a Wellinton e depois a Wemerson.

Os dois admitiram que teriam aplicado golpe no momento em que foram presos. Computadores com dezenas de fotos e animações utilizadas para a invasão às contas foram apreendidos e estão em poder da Justiça.

Em depoimento à polícia, os envolvidos chegaram a afirmar que se trata de uma rede com integrantes que atuam também em outros estados. Nenhum outro envolvido, porém, foi identificado até agora.

Apesar de a dupla ter sido presa em flagrante pela invasão a uma conta do C6 Bank de onde furtou R$ 800, anteriormente, o banco já havia identificado desfalque de R$ 770 mil com invasões feitas a partir de Campo Grande.

No processo, porém, os rapazes não foram ligados diretamente ao desvio dos R$ 770 mil.

Depois da prisão em flagrante da dupla, segundo o representante do banco disse ao Poder Judiciário, os golpes a partir da Capital cessaram.

Bancos digitais também são conhecidos como fintechs, ou startups de finanças. Muitos são bancos digitais, sem agências físicas.

Por Eduardo Miranda / Correio do Estado

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